Programa Carta da Terra em Ação

Publicado às 12:33 por Débora
Realizadora: Mariana Lopez Expósito
Objetivo: Promover, por meio de oficinas de costura, o fortalecimento e resgate do sagrado feminino junto ao público da Associação de Bairro do Jardim Jaqueline.
Público alvo: Mulheres moradoras do bairro Jardim Jaqueline (subprefeitura do Butantã).

Mariana tem 50 anos, é pedagoga e moradora do Jardim Jaqueline, no Butantã. Atua como conselheira no Cades Local (Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Subprefeitura do Butantã) e já chegou no curso com uma inquietação: como contribuir com a desigualdade e vulnerabilidade das mulheres, principalmente as de baixa renda? Ela queria pensar possibilidades de desenvolvimento social, mas sem comprometer (mais) o meio ambiente.

A ação produzida por ela para obter o certificado de Agente Socioambiental Urbana começou bem antes do término do curso. Ter a percepção ampliada da cidade e das relações humanas a inquietou com relação à situação da mulher na nossa sociedade. E se era necessário pensar uma ação, ela logo pensou em fazê-la com esse público e no bairro onde reside.

Ela então procurou a Associação de Moradores do Jardim Jaqueline e propôs realizar, sob sua facilitação e coordenação, reuniões semanais de mulheres. Segundo a realizadora, a proposta foi estabelecer um local de ser e estar, de encontro, no qual cada pessoa (mulher) pudesse se constituir, se fortalecer por meio do desenvolvimento e socialização de suas habilidades; sejam mental, física ou espiritual.

As atividades desenvolvidas nos encontros eram de bordado, crochê, costura, leitura de poesia, livros, textos, musicas, etc. A cada encontro uma técnica de costura era colocada na roda, assim como um texto ou tema sugerido para o diálogo. Foram ao todo 10 encontros uma vez por semana, com duração de duas horas cada. O dia escolhido foi o de entrega do leite no bairro, às quartas-feiras, pois há uma maior concentração das mulheres facilitando o deslocamento.

Os encontros semanais na Associação de moradores tinham como mote a costura. Mulheres que se reúnem para uma oficina de costura e, em roda, dialogam sobre suas vidas, vivências e questionamentos. Mariana nos conta que, apesar desse não ter sido o público alvo escolhido, a maioria das participantes eram da terceira idade. Fato que colaborou para que, na identificação com as histórias e dificuldades umas das outras a importância do coletivo fosse aparecendo, assim como a valorização dos saberes distintos as tornou mais fortes para questionar e transformar. Mariana descobriu neste processo que a socialização e desenvolvimento de técnicas de costura foi um pontapé inicial para o fortalecimento do grupo de mulheres e que o processo de fazer junto, de trocar e contribuir umas com as outras se sobressaiu e quem mais aprendeu no processo foi a própria Mariana, que já expandiu a atividade para outra comunidade próxima.