Programa Carta da Terra em Ação

Publicado às 19:27 por Débora

Com três convidados, a conversa abrangeu os campos de produção e distribuição de alimentos, alinhados a técnicas da Agroecologia.

Na noite da última terça feira (7), o programa Carta da Terra em Ação realizou o primeiro de dois debates abertos, que integram a Formação de Agentes Socioambientais Urbanos. O encontro abordou a Agroecologia e a Produção de orgânicos na cidade de São Paulo. Realizado na sede da UMAPAZ, o debate contou com a presença de três agentes que atuam de maneira efetiva no campo da agroecologia, desde a produção até o consumo de orgânicos. 

Os palestrantes convidados foram o biólogo Paulo Fonseca, a Diretora da Cooperapas, Valéria Macoratti, e o assessor do Departamento de Alimentação Escolar, da Secretaria Municipal de Educação (SME), Luiz Henrique Bambini. Os três apresentaram seus saber e experiências a respeito da valorização de uma produção mais sustentável de alimentos e que possa suprir as demandas da cidade, agregando o consumo saudável, a preço acessível e livre de insumos químicos. 

Abrindo as falas do evento, Paulo Fonseca apresentou conceitos básicos da agroecologia. Descrevendo-a como uma ciência transdisciplinar, o conceito é muito mais amplo do que apenas criar uma horta de produtos orgânicos. A agroecologia se estende da produção de alimentos, realizada sem a inserção de produtos químicos, passando pela valorização dos pequenos produtores, que devem receber uma justa remuneração pelo seu produto, até a distribuição desse alimento, que deve ser feita de forma adequada a toda população, com preços justos e acessíveis. 

A agroecologia e suas práticas têm como objetivo converter a chamada agricultura tradicional, em uma agricultura sustentável, tanto na hora de plantar, integrando diversos sistemas florestais às plantações, quanto na hora vender, com produtos saudáveis que possam chegar a toda população. A redução do uso de insumos químicos, o manejo e valorização da biodiversidade e de variados sistemas no campo, são formas de converter a agricultura tradicional em uma agricultura sustentável. 

Produzindo e vendendo alimentos orgânicos em Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo, a presidente da Cooperapas, Valéria Macoratti, agregou os saberes adquiridos no campo aos conhecimentos acadêmicos e científicos. Com mulheres à frente do projeto, a iniciativa representa a igualdade de gênero brotando na roça e na produção de alimentos. A partir de critérios rígidos no controle de qualidade, a Cooperapas pratica algumas técnicas da agroecologia em suas ações. A integração da horta com outros ecossistemas e a produção de diversas culturas, fator que melhora as condições do solo, são algumas das técnicas utilizadas nas hortas. A cooperativa também recebe visitas de colégios e grupos, apresentando a importância e os benefícios de valorizar uma produção sustentável, que beneficia tanto a economia das famílias produtoras, quanto na saúde dos consumidores. 

Por fim, Luis Henrique Bambini, assessor do Departamento de Alimentação Escolar da SME, destacou o caráter pedagógico da alimentação nas escolas. Além de ser essencial para o aprendizado, a comida também é valorizada como tema de discussão no espaço escolar. Com avanços notáveis, projetos escolares que integraram suas hortas ao processo aprendizagem refletem mudanças concretas nos hábitos alimentares entre as crianças. 

Luis apresentou também a atuação integrada entre SME e Governo Federal. A partir dos repasses do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), a secretaria municipal ajuda a fomentar e garantir a compra de produtos de pequenos agricultores, contribuindo para geração de renda dos produtores e, do outro lado, garantindo alimentação de qualidade nas escolas do município de São Paulo. Cerca de R$ 30 milhões são destinados à compra de produtos provindos da agricultura familiar, com a exigência de que o alimento seja orgânico. A cada ano, o número de produtores beneficiados e de crianças bem alimentadas aumenta, mostrando a efetividade do projeto. 

A partir das apresentações feitas pelos debatedores, deixa de ser um sonho suprir a demanda da cidade com produtos orgânicos, utilizando técnicas da agroecologia, englobando cultura, economia solidária e alimentação saudável. A valorização e a disseminação destas técnicas são a chave para uma sociedade mais sustentável, que valorize o ser humano e o ambiente que o cerca. 

No próximo dia 14, das 19h às 22h, o debate será sobre Educação Integral nas escolas. Confira os convidados e venha dialogar com a gente. 

Redação Gil Mariano